Se você ainda não percebeu, preste atenção da próxima vez em que for ao shopping center. Observe quem está comprando e não se surpreenda se encontrar poucos homens. As mulheres são, de fato, a grande força do mercado consumidor. Com dinheiro no bolso e disposição para gastar, elas formam o grupo consumidor mais poderoso da atualidade. Elas gostam de olhar vitrines de roupas, de decorar a casa com flores, de servir um prato gostoso no jantar, mas o poder de compra vai a diversos segmentos. Além de serem as grandes consumidoras de cosméticos, jóias, roupas e eletrodomésticos, as mulheres também compram ou decidem a compra de computadores, de planos de previdência privada, seguro de vida e bens de consumo duráveis, como veículos.
Pesquisa de mercado realizada pelo instituto paulista Ipsos-Marplan com 35,8 milhões de consumidores de todo País constatou o poder de compra das mulheres. Entre as entrevistadas (19 milhões de mulheres de todas as idades e classes sociais), 84% faziam supermercado, 57% tinham telefone celular, 26% possuíam computador e 22% tinham cartão de crédito. A pesquisa indica também que 42% das pessoas que decidem a marca e o modelo do carro a ser adquirido são mulheres. Elas são ainda 53% dos proprietários de telefone celular, 40% dos que têm seguro de vida, 45% dos que têm plano de previdência privada e 50% dos donos de computador.
E como consumidoras, as mulheres têm comportamento singular. Elas são atenciosas, exigentes e procuram saber o máximo de informações sobre os produtos antes de comprá-los. E mesmo em tempos de crise, o preço não é o que importa na hora de decidir a compra. Para a maioria das consumidoras, o fundamental é a qualidade do produto. A bancária Regina Ester Vasconcelos compartilha dessa opinião. Na compra de uma máquina fotográfica digital, ela passou horas para escolher o melhor modelo. ''Gosto de saber de todos os detalhes, de saber o que estou comprando. Produtos práticos e eficientes são essenciais para mim. Por isso, não me importo em pagar mais por uma coisa melhor'', diz.
Regina também é exemplo de como as mulheres mandam no mercado consumidor. Na casa dela, embora as contas sejam todas divididas com o marido, ela é quem dá a palavra final. Ela decide todas as compras que são feitas na casa, com exceção, acredite, das frutas e verduras. ''Isso eu não sei escolher. Portanto, essa parte das compras fica para ele fazer'', diz. O marido de Regina, Francisco da Penha Vasconcelos, não se importa em se submeter às opiniões da mulher. ''Ela é muito sensata e controla os gastos da casa. Ela toma as decisões e eu digo: sim, senhora'', afirma.
Outra característica do comportamento da mulher como consumidora é a fidelidade às marcas. Se elas compram um produto que lhes agrade, não pensam duas vezes em repetir a compra. Mesmo quando o concorrente oferece um produto mais barato. A economista Noira Paccini é assim. Principalmente com produtos infantis para a filha de quatro anos. ''A gente quer sempre o melhor para os filhos''. Noira é divorciada e chefe da família. Trabalhadora esforçada, sabe o valor do dinheiro que ganha e por isso não gasta por impulso. Vaidosa, é adepta das compras de cosméticos e roupas, sem deixar de dedicar atenção especial à segurança financeira da família. Tem um plano de capitalização e se interessa por investimentos. Nãos dispensa um carro do ano nem computador moderno em casa.
''Há ainda hoje um certo preconceito em relação aos hábitos de compra feminino. Os homens, principalmente, nos acham consumistas de superfluos. Mas não é bem assim. Hoje não gastamos o dinheiro do marido, mas o nosso dinheiro e isso ensinou muita coisa à mulher'', diz a economista.
(*) por Bárbara Holanda, Jornal O POVO.
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